31 de Maio, Dia Nacional da Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto

90 anos de associativismo <br>em Portugal

Valorizando o papel insubstituível das 30 mil colectividades, dos 450 mil dirigentes associativos voluntários e benévolos e de cerca de três milhões de associados, 31 de Maio está oficialmente consagrado como o Dia Nacional das Colectividades.

Lutar por uma sociedade melhor, menos individualista

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Evocando esse dia, a Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto (CPCCRD) está a dinamizar, por todo o País e no estrangeiro, iniciativas descentralizadas até ao dia 15 de Junho sob o lema «Associativismo e Democracia», quando, este ano, também se comemora os 40 anos do 25 de Abril. No próximo sábado terá lugar, no Casino da Figueira da Foz, às 14.30 horas, um diversificado programa cultural, recreativo e desportivo, que será um grande momento de afirmação, solidariedade e festa do Movimento Associativo Popular.
Com 90 anos existência, 50 d0s quais vividos durante a ditadura fascista, este movimento social tem, nos últimos anos, assegurado parte das funções sociais do Estado e contribuído decisivamente para a qualidade da nossa democracia. A participação cívica dos seus dirigentes, homens, mulheres e jovens, são um bom exemplo da generosidade e capacidade de lutar por uma sociedade melhor contra os que insistem em torná-la mais egoísta e individualista.
O Estado central, leia-se os governos e as maiorias da Assembleia da República (AR), nos últimos 38 anos, têm ignorado o associativismo, e só a luta dos associativistas e dos deputados comunistas na AR foram capazes de inverter algumas políticas. Contudo, persistem muitos problemas para os quais o PCP e os associativistas têm apresentado alternativas.
Por outro lado, o principal parceiro do Associativismo Popular tem sido a generalidade das autarquias que, pela sua proximidade e origem sociológica, são mais sensíveis à importância do papel desempenhado por este movimento social. O Associativismo vive essencialmente de receitas próprias (80 por cento), sendo que as receitas provenientes do Poder Local (autarquias) representam cerca de 14 por cento. O restante valor (seis por cento) é proveniente das relações do associativismo com empresas sem fins lucrativos. Em conclusão, o associativismo, apesar de ser quem substitui o Estado em muitas das suas competências, é ainda um contribuinte líquido do Orçamento do Estado.

 

Reflexões

 

Bibliotecas

O papel formativo das bibliotecas evidenciou-se ao longo de décadas um pouco por todo o País em centenas de colectividades. Os dirigentes aprenderam a ser livres, na leitura dos livros. Ferreira de Castro, Alves Redol ou Romeu Correia, entre muitos outros, integram esse património do Movimento Associativo Popular, perseguido pelo Fascismo.

 

Luís Maçarico – Castelo Branco

 

Artes plásticas

O individual faz parte do processo criativo. Depois de finalizada a obra, há que a divulgar junto da população em geral. As associações têm um papel importante na divulgação e no apoio ao artista plástico. As artes plásticas, no contexto associativo, são uma forma de «democratizar» a arte.

 

Aurora Bargado – Almada

 

Filarmónicas e escolas de música

As bandas filarmónicas chegam aos dias de hoje com uma forte componente cultural, artística e social. Berço de instrução e formação musical, tiveram que vencer todo o tipo de concorrência que é oferecida aos jovens. Neste desafio, as escolas de música continuam a marcar a diferença, sendo as maiores responsáveis pela formação de inúmeros músicos, de onde saem depois muitos dos nossos actuais executantes profissionais.

 

Vítor Rosa – Odivelas

 

Clubes de empresa

 

Nos finais dos anos oitenta, os clubes de empresa ressurgiram, representando em Lisboa um número significativo. Actualmente têm-se vindo a manter e reforçar, com ganhos para os trabalhadores e as empresas, sendo geradores de relações positivas e desenvolvimento cultural, recreativo e desportivo.

 

Pedro Franco – Lisboa

 

Coros

Os coros são agrupamentos de pessoas que cantam em conjunto. Cantam música regional ou tradicional (sacra ou profana), gregoriana e de câmara. Favorecem o convívio, o desenvolvimento cultural, regional, nacional e artístico-musical. São parte importante do movimento associativo e da prática cultural colectiva.

 

Maria Celestina – Lisboa

 

Dança

As escolas de dança têm como objectivo reflectir a importância da dança como instrumento de socialização, para a formação de cidadãos críticos, participativos e responsáveis. A dança, sendo uma experiência corporal, possibilita aos jovens novas formas de expressão e comunicação.

 

Fernando Duarte – Gondomar

 

Desportos de ar livre

Os desportos de ar livre tiveram a sua origem no pedestrianismo e no campismo (desportivo), e eclodiram a partir dos anos 60 com o advento da orientação, da canoagem, do triatlo, do BTT, das corridas em montanha, das corridas de aventura (multi-disciplinares) e, mais recentemente, dos trails. O Movimento Associativo tem-se mostrado atento a esta difusão de práticas em espaços naturais, integradas num conceito de desporto para todos.

 

Joaquim Patrício – Alvito

 

Folclore e etnografia

Os grupos de folclore ou etnográficos têm hoje em dia um grande relevo no Movimento Associativo Popular, uma vez que mantém vivas as tradições, os usos e costumes dos nossos antepassados, preservam um vasto e rico património imaterial e material, garante para compreender e assegurar o futuro das comunidades.

 

Jorge Luís – Santarém

 

Teatro de amadores

O teatro está intrinsecamente ligado ao processo de democratização. A própria palavra teatro vem do grego e significa «local de se ver», um espaço público onde se podem revelar e discutir as questões essenciais da vida e preparar a pessoa para desenvolver reflexões necessárias para exercer seus direitos e deveres de cidadão.

 

Artur Martins – Ourém

 

Jogos tradicionais

Os jogos tradicionais constituem uma manifestação da cultura popular. São eles que marcam a transição do acto laboral para o lazer, como momentos insubstituíveis de convívio, coesão social e inserção do indivíduo na comunidade.

 

João Alexandre – Amadora

 

Juventude

A participação dos jovens no Movimento Associativo é algo natural, não fosse esta faixa etária a mais dinâmica na prática desportiva, cultural e recreativa. A integração de jovens na dinâmica associativa, com a sua responsabilização em particular no trabalho de direcção, reveste-se da maior importância pela permanente necessidade de rejuvenescimento e capacitação de novos elementos para as exigências a que um dirigente associativo é solicitado.

 

Filipe Parra – Faro

 

Museus

Escrever sobre museus – lugares de comunicação, discursos, recordações, em colectividades, associações, clubes – é escrever sobre nós, Movimento Associativo Popular (MAP). É relatar, expressar, reviver convívios, partilhas, homenagens, memórias, conquistas pessoais e colectivas, identidades individuais e institucionais.

 

Sónia Silva – Almada

 

Clubes militares

O surgimento do movimento associativo não passou à margem da vida dos militares. Desde meados do século XIX, têm tido uma participação muito especial na sociedade. Os clubes constituídos depois do 25 de Abril têm tido, com a actividade associativa aí realizada, relevante importância na formação social, cultural e cívica do cidadão militar.

 

Manuel Custódio – Almada

 

Cineclubes

O cineclubismo, como projecto associativo, evidencia desde o seu nascimento a importância da acção formativa na elevação cultural da população portuguesa, através da divulgação da arte das imagens em movimento na sua relação com todas as outras artes, numa constante procura e promoção da verdade e beleza, contribuindo para a divulgação do cinema alternativo.

 

Armando José da Cunha Santos – Barreiro

 

Formação

A importância que o Movimento Associativo assume na sociedade requer uma aposta crescente na qualificação dos dirigentes e de outros activistas associativos, permitindo preparar e sensibilizar para um melhor desempenho, tanto em termos de política associativa, como no cumprimento das exigências legais, fiscais, jurídicas e inspectivas, com que as actuais políticas governativas confrontam e agridem o associativismo.

 

Clementina Henriques – Cascais

 

Legislação

O quadro legal aplicável ao Movimento Associativo Popular (MAP) é demasiado complexo, de difícil aplicação e pouco ajustado à realidade e à vida das associações. Impõe-se, pois, uma profunda revisão da legislação vigente, nomeadamente: O modelo regulatório do MAP não pode continuar a ser o da empresa. Associações e empresas são organizações muito diferentes, com uma natureza distinta, funções distintas, dinâmicas próprias. O legislador não pode deixar de ter em consideração a especificidade própria do MAP; cumprir a Constituição, os princípios e normas nela inscritos. Essa exigência implica, designadamente, um novo estatuto fiscal para o MAP, novas políticas de financiamento estatal, bem como a revisão do procedimento de atribuição do regime de utilidade pública.

 

Sérgio Pratas – Loures

 

Educação Social Associativa

Hoje, mais do que nunca, o movimento associativo afirma-se como o contexto privilegiado na formação de cidadãos interventivos, responsáveis e solidários. Agregador por natureza, dinâmico e democrático, é gerador de experiências sociais alternativas à visão normativa e individualista da sociedade actual.

 

Vítor Agostinho – Lisboa

 

Casas regionais

As migrações obrigadas ou voluntárias conduzem sempre a um relativo «desenraizamento» que se tenta reconstruir no local para onde se vai. É este o objectivo principal das casas regionais, muitas vezes associados à procura de meios financeiros que ajudem a aldeia que se deixou para trás.

 

Augusto Flor – Almada

 

Associativismo «religioso»

Muitos círios são formados por trabalhadores agrícolas que assim fogem à rotina e arranjam forças para enfrentar a dureza da vida. Não são mais do que associações com um fim específico que, num determinado momento do ano, se dedicam ao convívio, aos comes e bebes e aos bailaricos como forma recreativa e cultural de raiz popular. A sua relação com a religião é efémera e esgota-se nesta actividade. Muitos círios funcionam ao longo do ano com qualquer outra colectividade.

 

Anabela Silva – Montijo




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